Bispos Católicos apelam a Paz, legalidade e justiça Por ocasião das eleições autárquicas de outubro de 2023
Publicado no dia 22 de Outubro de 2023
Depois da realização das eleições para a escolha de presidentes para as 65 autarquias do nosso país no passado dia 11 de Outubro de 2023, o anúncio dos resultados preliminares ao nível dos distritos trouxe uma grande desconfiança e está a suscitar uma situação de instabilidade social e contínua tensão social. Os Bispos Católicos de Moçambique convocaram uma conferência de imprensa por ocasião das eleições.
Momento que o Dom João Carlos falava aos jornalistas
foto - Secretariado das Comunic. CEM
Dom João Carlos Hatoa Nunes Arcebispo da Arquidiocese de Maputo, que é vice-presidente da Conferencia Episcopal de Moçambique, CEM, porta-voz da CEM e referente das comunicações dentro da CEM falou aos meios de comunicação social no passado dia 19 de Outubro de 2023 sobre o posicionamento da Igreja sobre as eleições de 11 de outubro onde a Igreja participou como Observador, através da Comissão Episcopal de Justiça e Paz, que integra o Consorcio Eleitoral “Mais Integridade”.
“Os ilícitos e irregularidades eleitorais, uns mais graves que os outros, aqueles reportados oficiosamente e difundidos pelos Mídias Sociais, e outros reportados pontualmente pelos observadores eleitorais, geraram na sociedade moçambicana um grau de desconfiança que está a suscitar uma situação de instabilidade e de continuada tensão social em todo o país. …” Falava o Arcebispo de Maputo Dom João Carlos Nunes sobre acontecimentos alarmantes.
Num comunicado publicado no dia 7 de Junho de 2023, na Diocese de Quelimane, que tivemos acesso e enviado especialmente aos reverendos párocos e superiores das missões, comunicava a suspensão das intervenções e dos discursos dos políticos em toda diocese até a realização das eleições para salvaguardar a neutralidade da Igreja. No Dia 24 de Agosto, os Bispos publicaram uma Nota Pastoral por ocasião das eleições autárquicas apelando para que os moçambicanos pudessem cumprir o seu dever de votar conscientemente e em candidatos idóneos.
As eleições Autárquicas que decorreram no nosso país tinham como disputa 65 autarquias em todo o país onde até ao momento o partido no puder, a Frelimo saiu com vantagem em 64 autarquias e os partidos concorrentes reivindicam vitória e acusam o partido de ter feito manobras e ilícitos eleitorais que ditaram a vitória e submeteram recursos aos tribunais, onde algumas autarquias foram anuladas as eleições, noutros a recontagem dos votos e outros os recursos ainda em análise nos tribunais.
Desde o anúncio dos resultados ao nível dos secretariados técnicos distritais, descontentamentos foram gerados e iniciou uma onda de marchas, manifestações pacíficas em contestação aos resultados intermédios apresentados, que a cada dia vão se intensificando. Os resultados dos apuramentos finais serão apresentados oficialmente no dia 26 de Outubro do presente ano, 15 dias depois da realização do escrutínio.
Os Bispos deixam apelos diante desta realidade: “Apelamos a todos os homens e mulheres de boa vontade para manter a Paz, como valor supremo da nossa convivência e cidadania… Reposição da legalidade, sabendo que não há legalidade sem verdade… busca da justiça que é o maior caminho para a Paz e para a convivência saudável e fraterna de todos…” os Bispos apelam aos órgãos eleitorais a rever com responsabilidade e justiça; as lideranças do partido beneficiário que chamem a razão os seus membros e simpatizantes; Apelam à oração uns pelos outros.
Estas foram as sextas eleições para a eleição de presidentes dos municípios, estas eleições tiveram o privilégio de terem novas vilas autárquicas que anteriormente não eram municípios, e recentemente ascenderam a essa categoria, exemplo de Marracuene e Matola Rio em Maputo. Envolveram desde o recenseamento, cerca de 4.8 milhões de eleitores, para elegerem partidos políticos, coligações e grupos de cidadãos identificados e representados por cabeças de lista.
Por Samuel António
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