Bispos da província eclesiástica de Nampula reiteram a recomendação de não se relaxar sobre os cuidados para evitar a propagação e infeção do Coronavírus
Editado no dia 02 de Junho de 2020
Numa altura que o país conta com 2 mortes, 97 recuperados e com 254 casos de infeção do novo coronavírus (dados de 01/06/2020) os Bispos da província eclesiástica de Nampula que estiveram reunidos de 5 a 8 de maio de 2020 na residência episcopal de Nampula, norte de Moçambique. Reiteram a recomendação de não relaxamento sobre os cuidados necessários para a não propagação do Coronavírus.
Naquele que foi o primeiro comunicado publicado sobre os encontros dos Bispos da Província Eclesiástica de Nampula, que compreende a Arquidiocese de Nampula e as Dioceses de Pemba, Lichinga, Nacala-Porto e Gurúè.
“Queremos, por isso, reiterar a recomendação de não relaxarmos os cuidados necessários para evitar a maior propagação desta perigosa infeção do Coronavírus. Por amor à vida, nossa e dos outros, devemos todos observar rigorosamente as medidas de contenção indicadas pelas autoridades sanitárias e pelo nosso Governo, concretamente, o distanciamento social, o confinamento, uso de máscaras, desinfeção ou lavagem frequente e cuidadosa das mãos com sabão ou cinza, permanecer em casa e só sair dela em caso de extrema necessidade e as precauções ao espirrar ou tossir”.
Por outro lado, o presidente da Republica, Filipe Nyusi voltou a falar à nação, na noite do dia 28 de Maio. E prorrogou pela segunda vez do estado de emergência do nível 3, que o país vive desde o passado dia 1 de Maio, por mais 30 dias, até o dia 29 de junho de 2020. Em seu pronunciamento o chefe do estado falou da necessidade de se seguirem as recomendações dadas pelas autoridades, sob o risco de se agravarem as medidas para o nível 4 que seria o bloqueio total (lock down), para evitar as cadeias de transmissão, tendo apontado como sendo críticos e difíceis os próximos dias, pois serão exigidos com rigor a implementação das medidas impostas.
Rosa Marlene, diretora nacional de Saúde Pública no Ministério da Saúde (MISAU), em Conferência de Imprensa diária de atualização de dados sobre a Covid-19. Falou dos pacientes internados por causa da Covid-19, nomeadamente um na província de Inhambane e outro em Cabo Delgado, a dirigente disse que se encontram a recuperar satisfatoriamente. Apelou mais uma vez, a observância das medidas recomendadas pelo Governo e reforçadas ontem (28/05) pelo Presidente da República. Uma vez que o país apresenta se com focos de transmissão, que ainda está controlável a situação, e que seja retardado ou evitado o nível de transmissão comunitária.
A carta com vários pontos apresentada pelos Bispos, falaram da deterioração da situação em Cabo Delgado:
“Estamos profundamente preocupados com o agravamento da situação em Cabo Delegado que, na prática, se transformou em palco de uma guerra misteriosa e incompreensível, onde se travam violentos combates…”. Expressaram os sentimentos de preocupação e solidariedade pelos tristes e assustadores acontecimentos na província de Cabo Delgado que vem criando deslocados semeando dor e luto em varias famílias, e inclusive a destruição de igrejas.
“A nossa missão de pastores do rebanho do Senhor não nos permite fechar os olhos nem ficar calados perante o clamor do povo esmagado pelo sofrimento. As consequências dramáticas desta crise multifacetada são patentes: queimada das aldeias, destruição de infraestruturas económicas e sociais, populações assustadas e esfomeadas, famílias em fuga,…”
Ainda sobre estes acontecimentos naquela província, o Bispo da Diocese de Pemba, Dom Luiz Lisboa, disse, que os padres e crentes da paróquia, da Igreja Católica em Macomia deixaram a vila para locais seguros.
"Os padres deixaram a vila para salvar a sua vida e não consigo informação segura sobre o que se passa neste momento", declarou o prelado tendo acrescentado que a comunicação está difícil devido ao derrube das antenas das operadoras de telefonia e de comunicação.
Recordar que Cabo Delgado está sob ataques de grupos armados rebeldes desde outubro de 2017, classificados desde o início do ano pelas autoridades moçambicanas e internacionais como uma ameaça terrorista. Desde há um ano o grupo “jihadista” Estado Islâmico passou a reivindicar alguns dos ataques.
E estima-se que já tenham morrido, no mínimo, 550 pessoas e que cerca de 200 mil já tenham sido afetadas, sendo obrigadas a refugiar-se em lugares mais seguros.
Ainda no mesmo documento, os Bispos, partilham momentos da vida pastoral da Província, debruçando em particular sobre os desafios que o contexto atual apresenta, das possíveis perspetivas da ação pastoral com o objetivo de trabalhar para a constituição dos tribunais eclesiásticos nas naquelas Dioceses.
Os Bispos recordaram a Memória do falecido Dom Manuel Vieira Pinto, primeiro Arcebispo Metropolitano de Nampula, falecido no passado dia 30 de Abril do presente ano, em Portugal vitima de doença.
” Foi assim que, no dia 7, celebrámos a Eucaristia na capela da Rádio ENCONTRO da Arquidiocese de Nampula, para implorar de Deus em seu favor o eterno descanso e conforto espiritual para a família de sangue e para o grupo das Filhas de Nossa Senhora de Paz e da Misericórdia da Arquidiocese de Nampula, que Ele fundou. A figura de Dom Manuel é muito significativa e fonte de inspiração não só dentro da Igreja em Moçambique, mas também para a sociedade moçambicana em geral. De facto, com o seu ministério episcopal, revestido de um carisma profético especial, ajudou, juntamente com os seus colegas Bispos da Conferência Episcopal de Moçambique (CEM), a encontrar os caminhos para viver a fé no novo Moçambique independente, marcado inicialmente pela ideologia de partido único ateísta e hostil à fé, em especial à Igreja.”
No final da missiva, deixaram apelo, reconhecimento e exortação:
” Exortamos os sacerdotes e religiosos/as, seminaristas, catequistas, agentes de pastoral e todos cristãos em geral para que, nestes tempos de confinamento e de impossibilidade de nos reunir-nos nas igrejas e capelas, não deixemos esmorecer a nossa fé, a caridade uns para com os outros e o nosso zelo apostólico.”
Por Samuel António
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